Em mais uma sessão do Cineclube Rogério Sganzerla - Cinema UFSC, Estranhos no Paraíso faz parte da mostra de Cinema Contemporâneo.
Jim Jarmusch, como outros dessa fase, parecem buscar tentativas de fazer um cinema diferente. Sinto que ainda hoje, essas tentativas são bastante incorporadas a estética do filme e trajetória da narrativa.
O filme é todo em preto e branco, por opção, com um planejado enquadramento, mantendo-se no máximo, em plano médio e boa parte separada em módulos individuais e fades longos em preto, retratando o vazio e a entediante vida dos jovens, tanto americanos, americanizados e estrangeiros (Eddie, Willie e Eva).
Essa ausência de cor parece transmitir a ausência de algo, comum numa geração sem causa, retratando um vazio, uma acomodação, a falta de questionamento da própria existência. Ausência de valores, moral, nacionalidade e de experiências. Ausência de valores ou moral, pois o dinheiro que eles conseguem no filme é trapaceando num jogo ou através de um mal-entendido. Ausência de identidade própria e nacionalidade, pois o próprio Willie rejeita seu nome verdadeiro, pois se considera americano e prefere não lembrar das origens, negando o próprio idioma. E ausência de experiência, quando Eddie descreve lugares em que nunca esteve, e Willie come algo (Tv-food) que nem ao menos parece carne.
Já Eva parece resgatar um pouco dessa existência, mas apenas ameaça, pois acaba se rendendo ao tédio e ao vazio de sua existência.
O filme parece dialogar mais com essas questões do que se preocupar com uma trajetória em si. O final se torna interessante e inesperado, deixando-nos imaginar o destino de cada personagem. Nesses silêncios há um pouco de humor, há um pouco de vazio, há um pouco de espera e da torcida por alguma descoberta. O filme fica no "não-acontecer".
Obs.:Li um pouco sobre o diretor mas foi o primeiro filme que assisti, então fiz um pequeno parecer. Como eu disse, ainda treinando.
Um comentário:
vi esse filme ontem. descobri o teu blog na busca. ainda não comentei do filme no meu blog. eu gostei muito. tb foi o primeiro filme que vi desse diretor. beijos, pedrita
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