A marcha dos pingüins é um filme documentário que divide opiniões e questiona conceitos que classificam o cinema documentário.
Já assisti faz um tempo e semana passada reassisti algumas cenas na aula de Cinema Documentário, onde entramos numa séria discussão sobre a classificação do filme.
Acredito que os criadores tiveram a intenção de criar algo novo com o material que tinham. Num primeiro momento parece apenas uma dublagem de animais (como "Baby - o porquinho atrapalhado"), inserido em algum tipo de trama, aparentemente classficando-o como uma ficção, mas eu vejo diferente. Acho que a pesquisa e convivência com os pingüins acabou aproximando o mundo deles com o dos pesquisadores (o nosso) e por isso, a opção foi de colocar voz aos "personagens". A intenção narrativa das imagens não ficaria tão diferente colocando a voz-off de algum narrador ou deixando as imagens falarem por si mesmas. Acredito que eles optaram em facilitar a compreensão da rotina dos pingüins dando voz feminina, masculina e infantil, mas não colocando nomes aos personagens.
O documentário fica mais atrativo pra qualquer tipo de público e pode ser considerado um documento e uma base para entender a vida dos pingüins, tanto é que "Happy feet" de George Miller - 2006 (animação sobre pingüins) feita logo depois, usa como base na rotina dos pingüins, características que podemos encontrar no fime de Luc Jacquet e e aí sim, a animação insere uma narrativa, comum em qualquer filme de ficção.
Os pingüins são humanizados pela voz que recebem, isso não significa que seja um filme ficcional, mas sim, uma nova forma de fazer documentário. Excluí-lo dessa classificação é ignorar conceitos téoricos que identificamos claramente no filme.
Para uns pode ser um péssimo documentário porque foge das técnicas normalmente utilizadas, mas para outros, como eu, é apenas outra alternativa de contar ou documentar alguma coisa que acontece na nossa realidade, mas foge a nossa rotina.
Classificar "o que é documentário" se torna uma tarefa cada vez mais difícil, pois o cinema feito hoje, possui técnicas super elaboradas e um leque de novas ferramentas cada vez mais exploradas. E mesmo em documentários ocorre manipulação na edição de imagens, exatamente porque a câmera não funciona como o olho humano e não poderia apenas com imagens, transmitir emoções e intenções, precisa haver a "mão" do cineasta direcionando o olhar do espectador, seja em filme de ficção ou de não-ficção.
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