quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"O golpista do ano" de Glenn Ficarra, John Requa 2008


Não costumo falar sobre todos os filmes que assisto, apenas sobre aqueles que me dão vontade de falar, sendo bons e ruins. (mais os bons que os ruins). 

Foram poucos os filmes que assisti, retratando uma história de amor entre dois personagens gays. (Recomendo: "Crazy - loucos de amor" e "Minhas mães e meu pai") E acredito que são poucos os filmes que são feitos sobre o assunto, diante do preconceito ainda presente na sociedade contemporânea. 

Ainda estamos aquém de superar tabus enraizados culturamente, mas se for possível fazer isto através do cinema, com humor e sensibilidade, já seria um começo. Ainda é difícil distribuir filmes com esta temática, tamanho é o conservadorismo do público. Acredito que o elenco de qualidade e a ousadia de Glenn Ficarra e John Requa tenham contribuído para enriquecer e divulgar o filme pelo mundo afora.

E se tratando de história de amor gay, os talentosos Jim Carrey e Ewan McGregor conseguiram contá-la com muita coragem, humor e sensibilidade, numa história redondinha, baseada em personagens e acontecimentos reais. 

O filme conta a história de Steven Russell (Jim Carrey), um homem bem casado, policial texano, que decide assumir sua homossexualidade após um acidente e passa a praticar vários golpes para manter seu alto padrão de vida 'gay'.  

A trama é construída pela narração em primeira pessoa do personagem, onde as seqüências se intercalam numa brincadeira de idas e vindas, "Ops, não contei isso!!" ilustrando os truques e omissões do personagem durante sua vida pré e pós-gay. Steven era um artista do crime!! Usava a criatividade para contornar qualquer problema que surgisse, inclusive o da prisão.

Diante de vários golpes, Steven é preso e levado a uma penitenciária estadual. Lá conhece Phillip Morris (Ewan McGregor), por quem se apaixona. Os dois vivem uma grande (e engraçada) história de amor na cadeia (mais no sense, impossível), mas é fora dela que os truques e golpes de Steven começam a ser descobertos e ameaçam a vida do casal.

O curioso do filme, é a leveza passada diante do romance dos dois, polêmico por natureza. Confesso que não é fácil 'culturamente', ver dois atores ou pessoas do mesmo sexo se beijando, sem achar certa graça ou ficar um pouco constrangida, mas o ritmo do filme é construído de uma maneira tão divertida e delicada, que é impossível não torcer pelos dois e deixar-se levar pela trama absurdamente realista. A música alegre e divertida, ameniza as cenas 'quentes' e sugestivas sexualmente.

Se não fosse baseada numa história real, muitos achariam inverossímel  e difícil de 'comprar', mas a vida é tão surpreendente, que nem sempre consegue convencer o cinema repleto de clichês! O filme foi baseado no livro-reportagem do jornalista Steve McVicker, "Eu te amo, Phillip Morris: Uma Verdadeira Estória de Vida, Amor e Escapadas da Prisão" e conta a história real de Steven Jay Russell, vigarista, impostor, e múltiplo fugitivo da prisão do Texas. 

Para aqueles de mente aberta (ou quase) é uma opção divertida, interessante!! Nada cult ou super reflexivo, apenas uma maneira diferente das usuais para falar sobre os (i)limites do amor.

 E viva o amor!!! =)

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