segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Filmes x Livros: quando a adaptação na telona é melhor que a obra

por Natália Albertoni e Fernanda Klüppel

Nas buscas por listas de final de ano, essa aqui do Popcrunch indica 14 filmes melhores que os livros que os originaram.

A Identidade Bourne (The Bourne Identity, Robert Ludlum)
Nas telonas, a história de espionagem dirigida por Doug Liman perde grande parte da trama secundária envolvendo Carlos o Jackal, mas ganha um tema crucial: Bourne pode ser realmente o culpado das acusações que recaem sobre ele. A pequena distorção do personagem é encarnada muito bem por Matt Damon

Homens de Preto (The Men in Black, Lowell Cunningham)
O blockbuster com direção de Barry Sonnenfeld é baseado na história em quadrinhos ilustrada por Sandy Carruthers. Publicadas pela Aircel Comics – que foi comprada pela Malibu Comics e, por sua vez, foi vendida à Marvel –, as tirinhas mostravam a rotina de uma organização secreta que monitorava atividades paranormais na Terra, incluindo demônios, mutantes, aliens, entre outros. A adaptação concentra as mudanças na organização, que só monitora as atividades extraterrestres, seus métodos, que apaga memória ao invés de matar testemunhas, e seus objetivos, que passam a ser manter a ordem no planeta e não dirigí-lo.

O Iluminado (The Shining, Stanley Kubrick)
Stephen King, autor do livro que originou a adaptação de Kubrick, odiou o longa quando ele chegou aos cinemas em 1980. O que é justo, já que o diretor melhorou imensamente a história. No livro, Jack é essencialmente uma representação do autor, que nunca faz nada realmente ruim, e é resgatado no final. Já o filme constrói uma versão bem mais sinistra do personagem. Já que se trata de Kubrick, a imensa densidade do conteúdo é fenomenal, trazendo sentido para cada cena. Se você assistir a minissérie de 1997, você verá como a adaptação é banal e fiel ao livro se comparada ao trabalho feito por alguém que realmente sabe o que esta fazendo e pode acrescentar o suficiente para transformar uma boa trama em algo sensacional.

Mera Coincidência (American Hero, Barry Levinson)
A maior diferença entre Mera Coincidência e o livro em que é inspirado, American Hero (além de ser muito mais engraçado), é que eles levaram o filme para longe do mundo real. A satírica novela é baseada diretamente em pessoas e eventos reais: George W. Bush é o presidente em questão, e a primeira Guerra do Iraque foi uma farsa. O filme consegue ter muito mais graça com a premissa, parcialmente pelo presidente que não tem nome, e pelo fato da Albânia ter sido escolhida como fonte de guerra. A produção não teve o respeito que merecia por ser um maravilhoso e inteligente trabalho de humor negro, com um pouco de críticas sobre a forma da mídia lidar com a guerra e a política.

O Grande Truque (The Prestige, Christopler Nolan)
Em parte, o filme é melhor que o livro, devido ao elenco. Todos os personagens foram perfeitos e os atores eram todos veteranos que deixam clara sua experiência em cada cena. A história no livro tende mais para o terror, e é também marcada por um desnecessário artifíicio literário que deixa a história muito lenta. O fato que mais desagrada sobre a publicação é que o truque de Bordon é entregue ao leitor muito cedo, diferentemente do filme, que guarda o segredo até o fim para manter o suspense.

Psicose (Psycho, Robert Bloch)
Com Psicose, o escritor Robert Bloch criou a base para o que é, discutivelmente, o thriller mais icônico de todos os tempos. No romance, Mary Crane (a Marion do filme) é introduzida brevemente e morre muito rápido. Já o clássico de Hitchcock enfoca a trama na personagem, tornando Normam Bates muito mais antipático e insensível. Além disso, o livro se estende sobre o problema de alcoolismo de Bates como uma justificativa para a dupla personalidade. Não é um livro ruim, mas o filme o coloca em outro nível.

O Gigante de Ferro (The Iron Man, Ted Hughes)
Dirigido por Brad Bird, mesmo de Os Incríveis e Ratatouille, o filme traz um olhar brilhante sobre a paranoia da Guerra Fria. Diferentemente da obra de Ted Hughes, o gigante de Bird destroi boa parte da Grã-Bretanha antes de ficar amigo de um garoto e defender a Terra de um dragão espacial.

Forrest Gump – O Contador de Histórias (Forrest Gump, Winston Groom)
Aqui o protagonista também guarda profundas diferenças nas duas obras. No best seller, Gump não perde Jenny ou mesmo sua mãe e ainda ganha um macaco. O filme de Robert Zemeckis cobre apenas metade da história e seu aspecto trágico ganha força com a morte de Jenny com AIDS e com a alteração do papel do Tenente Dan.

Tubarão (Jaws, Peter Benchley)
Mesmo com toda a tensão de sua narrativa, Peter Benchley é desbancado por Spilberg neste filme icônico. A principal diferença é que os personagens do livro não são tão agradáveis quando no filme. Certa vez, o diretor brincou alegando que ele detestava tanto alguns personagens que acabava torcendo para o tubarão.

Filhos da Esperança (The Children Of Men, P. D. James)
Apesar de manter o mesmo tom de esperança do best seller, a versão de Alfonso Cuarón para Filhos da Esperança é drasticamente diferente do livro. Além das alterações dos personagens e das locações, os acampamentos de imigrantes, que ocupam boa parte da trama cinematográfica, não existem na obra impressa e a culpa da infertilidade cai sobre os homens.

Uma Cilada para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit, Gary Wolf)
Além dos nomes dos personagens, a semelhança entre as duas obras é muito pequena. O romance é sobre tirinhas ao invés de desenhos animados e o seu protagonista está morto durante a maior parte da história. A versão cinematográfica dirigida por Robert Zemeckis manteve os personagens, o título, a interação com os humanos e insinuação suficiente para causar problemas à Disney.

O Silêncio dos Inocentes (The Silence Of The Lambs, Thomas Harris)
Enquanto o livro tende a uma narração metódica e trabalhosa, o filme de Jonathan Demme é recheado de suspense e prende a atenção. Sem contar que muito da “superioridade” do longa está na atuação brilhante de Jodie Foster, mas, principalmente, de Anthony Hopkins, que em apenas 20 minutos na tela, surpreende na pele do psicopata Hannibal Lecter.

Um Estranho no Ninho (One Flew Over The Cuckoo's Nest, Ken Kesey)
Uma das mais significantes mudanças na adaptação de Milos Froman para o cinema foi suprimir a narração do Cacique Bromden. A perspectiva de Bromdens é totalmente apoiada em suas alucinações, mas apesar de ser incrível adentrar uma mente perturbada, o leitor é desviado da trama com frequência.

O Poderoso Chefão (Godfather, Mario Puzo)
O romance traz um olhar interessante de Puzo sobre o crime em Nova Iorque, mas é fraco e muito direto. Nas mãos de Francis Ford Coppola, os personagens adquirem profundidade. Gangsters são apresentados como homens comuns, com falhas, mas até bondosos em alguns momentos. A trilogia se torna uma das maiores obras cinematográficas da história dos EUA.

2 comentários:

Eric M. Souza disse...

Li O Poderoso Chefão e vi o filme. O livro é muito superior.

Anônimo disse...

George W. Bush foi o presidente americano de 2001 a janeiro de 2009. Suponho que o livro "American Hero" diga respeito ao pai dele, que enquanto foi presidente foi chamado apenas George Bush, sem o "W." no meio. O filme "Mera Coincidência" saiu em 1999, salvo engano, antes de George W. Bush se eleger presidente. O título brasileiro (O original em inglês era "Wag the Dog") era uma alusão a Bill Clinton, e à guerra que ele moveu contra a Sérvia, para desviar a atenção de seu escândalo sexual com Monica Levisnky. Nota: o pretexto de Clinton era proteger a população albanesa de Kosovo, onde um estado tutelado pelos Estados Unidos.