20 milhões. Segundo dados da internet, este foi o orçamento do filme, considerado baixo para os padrões de Hollywood.
No Brasil, isto seria utopia e o sonho de muitos cineastas que precisam trabalhar com uma realidade bem distante de um orçamento como esse. Numa realidade de incentivo fiscal e filmes independentes, "Rebobine, por favor" ainda se enquadraria nos padrões de Hollywood, mas o ideal é analisá-lo excluindo estes rótulos.
Mas porque falar de orçamento? Porque, considerando os tais padrões de Hollywood, é o ponto chave do filme. Parece-me contraditório fazer um filme de orçamento maior, já que ele aborda o oposto dessa realidade. Sua essência é justamente o resgate do filme artesanal e da sua originalidade.
"Rebobine, por favor" evidencia uma nostalgia de uma época de transição do VHS para o DVD e de todas suas limitações: fitas de má qualidade e o ritual de rebobiná-las ao final. Além da nostalgia de filmes que marcaram gerações e tornaram-se clássicos, não para a história do cinema ou para críticos relevantes, mas para um público que curtiu muito a "Sessão da tarde" e lançamentos da sua juventude. Filmes que parecem esquecidos, mas tornam-se completamente familiares ao desenrolar da história. "Ghostbusters"; "Robocop"; "Homens de Preto" e afins.
Gondry nos traz a reflexão dos filmes caseiros, artesanais e únicos, quando reúne dois amigos que precisam salvar uma falida videolocadora do caos. Jack Black interpreta Jerry, um lesado mecânico que desmagnetiza todas as fitas após um choque que leva numa tentativa frustrada de destruir uma usina elétrica. O atendente e amigo Mike, desesperado, embarca numa tentativa de solucionar o problema, regravando com Jerry, fitas solicitadas pelos clientes. Sem nenhum recurso e com muita criatividade, eles conquistam um público que busca diversão em filmes regravados, denominados "suecados", evidenciando uma procura por um cinema alternativo e diferenciado.
Como citado anteriormente, o filme se passa numa época de transição do VHS para o DVD, ou pelo menos, retrata o desconhecimento dos personagens diante das novas tecnologias. Isso fica claro, quando Elroy, o velho dono da videolocadora falida, buscando encontrar alguma solução, espiona com surpresa a nova videolocadora (porque ainda tem esse nome?) que loca blockbusters em dvd e possui padrões de qualidade e atendimento.
Mike e Jerry conquistam público, criam uma nova forma de se expressarem em cinema e acabam atraindo a atenção de executivos de Hollywood. Os filmes são destruídos, pois se chocam com as leis de direitos autorais e não podem mais ser mais exibidos e nem produzidos.
É nessa virada que os dois, juntamente com a comunidade, público de seus filmes, resolvem criar uma obra única e original, um filme biográfico sobre Fats Waller, um músico de jazz, do qual Elroy dizia pertencer ao seu bairro.
É nesse momento, que Gondry nos aproxima do filme, nós público-criador, pois é justamente o que parece ser o futuro do cinema ou de uma possibilidade para ele. Numa era digital, aonde os equipamentos são de fácil manuseio e qualquer pessoa pode ter sua própria ilha de edição em casa, os "suecados" estão em alta e possuem seu próprio público, os amantes do "youtube".
Se antes havia preocupação com distribuição e orçamentos altos, hoje um filme pode ser feito sem custo nenhum, ser publicado e virar uma febre mundial. Claro que não corresponde as características do que o cinema é hoje, mas até onde sei, o cinema tem se transformado desde seu começo e transformado sua própria conceituação, a partir das experimentações que possibilitou e que criaram suas próprias trajetórias. Vídeoarte, vídeoclipe, vídeos experimentais e afins.
Se cinema, em seu princípio, é imagem em movimento, qualquer vídeo poderia ser cinema, mas sabemos que não é assim que funciona. Cinema hoje se tornou uma forma de expressão artística, consequência de inúmeros movimentos e escolas, que se enquadram em formas de desenvolver uma idéia dentro de uma estrutura básica de "roteiro-produção-gravação-edição" e o resultado é um filme, exibido para um público seleto ou não, transmitindo algum significado, aparente ou não, com uma mínima intenção. Geralmente esse filme é exibido numa tela grande, disposta em frente à poltronas e cadeiras e reúne alguma história com personagens, mescla técnicas elaboradas ou não e traz referenciais diretos ou não.
"Rebobine, por favor" resgata um passado marcante para algumas gerações, mas antecipa um futuro próximo e sugere uma possibilidade, ou pelo menos a evidencia.
O "suecado" já está presente, não é ficção, só falta o mercado descobrir como torná-lo lucrativo, e os artistas "independentes" explorá-lo como uma nova expressão artística. Ou na verdade, isso já nos é familiar?!
"Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça..."
No Brasil, isto seria utopia e o sonho de muitos cineastas que precisam trabalhar com uma realidade bem distante de um orçamento como esse. Numa realidade de incentivo fiscal e filmes independentes, "Rebobine, por favor" ainda se enquadraria nos padrões de Hollywood, mas o ideal é analisá-lo excluindo estes rótulos.
Mas porque falar de orçamento? Porque, considerando os tais padrões de Hollywood, é o ponto chave do filme. Parece-me contraditório fazer um filme de orçamento maior, já que ele aborda o oposto dessa realidade. Sua essência é justamente o resgate do filme artesanal e da sua originalidade.
"Rebobine, por favor" evidencia uma nostalgia de uma época de transição do VHS para o DVD e de todas suas limitações: fitas de má qualidade e o ritual de rebobiná-las ao final. Além da nostalgia de filmes que marcaram gerações e tornaram-se clássicos, não para a história do cinema ou para críticos relevantes, mas para um público que curtiu muito a "Sessão da tarde" e lançamentos da sua juventude. Filmes que parecem esquecidos, mas tornam-se completamente familiares ao desenrolar da história. "Ghostbusters"; "Robocop"; "Homens de Preto" e afins.
Gondry nos traz a reflexão dos filmes caseiros, artesanais e únicos, quando reúne dois amigos que precisam salvar uma falida videolocadora do caos. Jack Black interpreta Jerry, um lesado mecânico que desmagnetiza todas as fitas após um choque que leva numa tentativa frustrada de destruir uma usina elétrica. O atendente e amigo Mike, desesperado, embarca numa tentativa de solucionar o problema, regravando com Jerry, fitas solicitadas pelos clientes. Sem nenhum recurso e com muita criatividade, eles conquistam um público que busca diversão em filmes regravados, denominados "suecados", evidenciando uma procura por um cinema alternativo e diferenciado.
Como citado anteriormente, o filme se passa numa época de transição do VHS para o DVD, ou pelo menos, retrata o desconhecimento dos personagens diante das novas tecnologias. Isso fica claro, quando Elroy, o velho dono da videolocadora falida, buscando encontrar alguma solução, espiona com surpresa a nova videolocadora (porque ainda tem esse nome?) que loca blockbusters em dvd e possui padrões de qualidade e atendimento.
Mike e Jerry conquistam público, criam uma nova forma de se expressarem em cinema e acabam atraindo a atenção de executivos de Hollywood. Os filmes são destruídos, pois se chocam com as leis de direitos autorais e não podem mais ser mais exibidos e nem produzidos.
É nessa virada que os dois, juntamente com a comunidade, público de seus filmes, resolvem criar uma obra única e original, um filme biográfico sobre Fats Waller, um músico de jazz, do qual Elroy dizia pertencer ao seu bairro.
É nesse momento, que Gondry nos aproxima do filme, nós público-criador, pois é justamente o que parece ser o futuro do cinema ou de uma possibilidade para ele. Numa era digital, aonde os equipamentos são de fácil manuseio e qualquer pessoa pode ter sua própria ilha de edição em casa, os "suecados" estão em alta e possuem seu próprio público, os amantes do "youtube".
Se antes havia preocupação com distribuição e orçamentos altos, hoje um filme pode ser feito sem custo nenhum, ser publicado e virar uma febre mundial. Claro que não corresponde as características do que o cinema é hoje, mas até onde sei, o cinema tem se transformado desde seu começo e transformado sua própria conceituação, a partir das experimentações que possibilitou e que criaram suas próprias trajetórias. Vídeoarte, vídeoclipe, vídeos experimentais e afins.
Se cinema, em seu princípio, é imagem em movimento, qualquer vídeo poderia ser cinema, mas sabemos que não é assim que funciona. Cinema hoje se tornou uma forma de expressão artística, consequência de inúmeros movimentos e escolas, que se enquadram em formas de desenvolver uma idéia dentro de uma estrutura básica de "roteiro-produção-gravação-edição" e o resultado é um filme, exibido para um público seleto ou não, transmitindo algum significado, aparente ou não, com uma mínima intenção. Geralmente esse filme é exibido numa tela grande, disposta em frente à poltronas e cadeiras e reúne alguma história com personagens, mescla técnicas elaboradas ou não e traz referenciais diretos ou não.
"Rebobine, por favor" resgata um passado marcante para algumas gerações, mas antecipa um futuro próximo e sugere uma possibilidade, ou pelo menos a evidencia.
O "suecado" já está presente, não é ficção, só falta o mercado descobrir como torná-lo lucrativo, e os artistas "independentes" explorá-lo como uma nova expressão artística. Ou na verdade, isso já nos é familiar?!
"Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça..."
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