quinta-feira, 12 de março de 2009

"Quem quer ser um milionário?" de Danny Boyle 2008

Na aula de Roteiro Cinematográfico - Turma B, eu ouvi "o roteiro desse filme é horrível".

Eu também acho. Infelizmente acho. Fui "poluída" assistí-lo e constatei esta afirmação.

Não compro essa história. Uma, duas, até aceito, mas TODAS? Improvável. Até possível, mas improvável.

Que história? Um menino indiano da periferia, "Jamal", ganha o programa "Quem quer ser um milionário?". Antes de responder a pergunta final, é interrogado pela polícia. Ele precisa explicar como sabia todas as respostas. Simples: fatos de sua vida.

Sua vida? Miserável. Vivendo numa periferia ainda pior que a do Brasil, suas distrações são semelhantes: jogar bola, fugir de enrascadas, idolatrar ídolos, no caso, um ator de cinema de Bollywood.

Sua mãe é assassinada por motivos religiosos quando criança, restando como família apenas seu irmão de caráter duvidoso. Além deles, existem outras crianças órfãs, entre elas "Latika", que é acolhida por ele em seu abrigo. Nasce uma amizade e a semente de uma futura paixão.

Numa soneca no local de sustento: o lixão, aparecem dois homens que oferecem coca e um lar. "Se ele faz tudo isso é porque é bom, se nos deixar repetir o prato, é um santo!".

"De boas intenções o inferno está cheio". Ele trata bem as crianças para explorá-las na cidade. Elas mendigam para ele. E se elas cantarem bem, ele as cega, porque dá mais dinheiro.

O irmão de Jamal tem caráter duvidoso, mas é o responsável por salvá-lo. Na fuga, Latika não se salva. É o primeiro desencontro do casal.

Os irmãos crescem, ganham a vida como podem e dentro das possibilidades. Crescem sem valores e sem educação. Roubam, enganam, vendem..apenas se viram. Sobrevivência.

Jamal não esquece Latika. Ele a encontra. O "santo" a explora sexualmente. Ele a salva. Na verdade, o irmão os salva. De novo.

Eles comemoram. O irmão se sente no direito de estuprá-la. Para o bem de Jamal, Latika o afasta. Jamal some.

Jamal a encontra novamente mais tarde. Ela é linda e é infeliz ao lado de um Rico e Poderoso Mafioso (ou coisa do tipo) da Índia. Seu irmão é seu capataz. Jamal quer salvá-la dessa vida. Ela teme. Sua distração é o programa "Quem quer ser um milionário?". Ele se inscreve no programa por isso, porque ela poderia vê-lo e encontrá-lo em algum dia às 17h, na estação, como ele prometeu ficar todos os dias, até que ela aparecesse. Na verdade ela apareceu, mas o irmão capataz a levou de volta e Jamal não conseguiu mais encontrá-la. Aí é que entra o programa.

O Delegado (ou coisa do tipo) então o libera para responder a última pergunta e ele acerta e ganha. Os dois se encontram e...feliz para sempre?

Enfim...

A fotografia é espetacular. Quase sempre trabalhada em perspectivas diagonais. Muitos contrastes sociais. A movimentação de câmera é ágil, frenética, eufórica.

O filme se compõe de cores vivas e fortes. A música é intensa.

A composição do filme em geral é belíssima. E tudo funciona dentro de uma estrutura hollywoodiana clássica "o herói, a mocinha e o bandido". E um tradicional "Happy End".

O cenário é peculiar: uma Índia populosa e miserável; de grandes contrastes sociais; num ambiente vivo, frenético e colorido. Uma cultura tão distante...

É um filme americano com ingredientes indianos. Não é um filme da Índia ou sobre a Índia. É um filme NA Índia.

É um belo filme. Apenas belo.

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