domingo, 4 de maio de 2008

"As crônicas de Nárnia: o leão, a feiticera e o guarda-roupa" de Andrew Adamson 2005

Hoje, pela primeira vez em muito tempo, após ver Nárnia, entendi com mais clareza as metáforas que estes filmes de fantasia, como Harry Potter, Senhor dos Anéis, A bússula de ouro e etc, querem muitas vezes nos falar.
Neste momento não irei analizar os filmes citados, mas apenas este.
E creio que pessoas céticas, desesperançosas, atéias e afins, talvez não entendam ou compreendam do que vou falar.
O filme se passa na Segunda Guerra Mundial, onde era comum crianças serem enviadas para lugares mais seguros, distantes dos países bombardeados. Quatro crianças: Pedro, Edmundo, Susana e Lúcia (na tradução) são enviadas para casa de um suposto professor e acidentalmente descobrem um mundo secreto dentro de um guarda-roupa. O resto do filme é pura fantasia, ou uma grande metáfora que irei desenvolver aqui.
Suponhamos o sofrimento que as crianças passam quando separadas dos pais, dos novos valores que terão que encontrar dentro de si mesmas e dos novos desafios que precocemente terão de enfrentar. Suponhamos que a velocidade do tempo do nosso pensamento e da nossa capacidade de fazer escolhas seja superior e muito mais veloz em relação ao tempo real de vida, ou tempo físico.
Considerando isso, vamos as comparações.
O leão, Rei Aslam seria a representação da força, que não surge quando queremos, mas quando realmente estamos precisando. E esta força existe dentro de todos nós.
A Feiticera seria a representação do mal e seus horríveis servos, literalmente, seriam representações dos sentimentos ruins e perturbadores: inveja, cobiça, traição, egoísmo, desespero, angústia. Sentimentos que também existem dentro de nós. Isto é reforçado quando a feiticera alega que Edmundo lhe pertence, pois ele é um grande traidor.
O lado do Bem é representado por seres mitológicos, como unicórnios, sagitários, papai noel, animais falantes, seres frutos da imaginação humana e representações dos sonhos, esperanças, alegrias.
O que seria o guarda-roupa? A porta de entrada para a consciência humana, Nárnia, que eternamente nos atenta a escolher um dos lados, o bem ou o mal, pois os dois se fazem presentes o tempo todo em nossas vidas.
Quando os quatro irmãos, reis de Nárnia, são mostrados mais velhos e acidentalmente voltam para a "salavazia", estão iguais como entraram, mas apenas fisicamente, pois internamente estão mais maduros, de acordo com o que viveram em Nárnia.
Ou seja, a vida está sempre nos testando, a escolher um lado, e de alguma forma inexplicável, tenta nos mostrar a coragem e força que existe dentro de nós. E principalmente, mostrar que sem fé não há transformação, é preciso acreditar em si mesmo.
Ao final do filme, o professor fala uma coisa que reforça ainda mais estas suposições, ele fala para Lúcia que não adianta voltar agora, só o tempo irá mostrar quando for necessário, reforçando a idéia de consciência humana e o amadurecimento natural da vida.
Com certeza, estas crianças enfrentarão com mais coragem os horrores que a guerra ainda haveria de lhes mostrar. E realmente, é preciso coragem para continuar uma caminhada tão dolorosa.
Obs.: Tecnicamente, o filme deixa a desejar!

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