Quem não tem uma família complicada?! Ou pelo menos, quem não teve algum conflito familiar na vida?! Se você já teve, prepare-se, ao assistir a este filme, você verá a maravilha que é sua família!! "Álbum de família" é um soco no estômago! Porque o que ele te dá de delicado, ele pega de volta e devolve com acidez e crueldade dobrada!
O filme abre com uma voz masculina dizendo esta frase: "A vida é muito longa!", combinada com um tom nostálgico. A voz masculina é do personagem Bev (Sam Shepard), escritor e aparentemente infeliz no casamento, que em seguida emenda que muitas pessoas já vividas também pensaram isso, mas foi um autor, T.S. Eliot, que a escreveu pela primeira vez, e agora, quando você quer pronunciar ou escrever esta frase, precisa citar o autor. Ele ri. Eu também.
Bev (de Beverly) é casado com a difícil Violet (interpretada com extrema competência pela magnífica Meryl Streep), diagnosticada com câncer de boca terminal, viciada em cigarros e remédios, e craque em fazer um cruel jogo psicológico com suas 3 filhas: Barbara (Julia Roberts), mãe e mulher traída; Karen (Juliette Lewis), 'periguete' depois dos 40, e Ivy (Julianne Nicholson), serena, mas cheia de rancores e dilemas.
O suicídio (discreto) de Bev unirá as 3 irmãs para decidir o que fazer com a mãe e com sua própria vida. E para que o circo fique completo, a irmã de Violet, Mattie Fae (Margo Martindale), com o marido Charles e o filho Little Charles (Benedict Cumberbatch) também aparecem. Além da presença do ex-marido (Ewan McGregor) e a filha adolescente (Abigail Breslin) da amarga Barbara e o noivo Steve (Dermot Mulroney), da periguete Karen.
Com tanta gente reunida, ficaria difícil não haver troca de farpas, desafetos e grandes revelações e conflitos, depois da morte do homem que parecia neutralizar aquele bando de 'loucos'.
O filme é baseado numa peça de Tracy Letts e mantém o caráter teatral com muito jogo de cena entre os personagens, com diálogos intensos, rápidos e ácidos, sempre confinados aos cômodos da casa, raramente transitando em outros espaços. E não existe lugar melhor para uma boa briga de família do que a mesa de jantar, onde as diferenças se tornam evidentes, e o riso pode rapidamente dar lugar a um comentário cruel e um prato quebrado.
E toda vez que você se deparar com certa doçura e delicadeza no filme, além do constante sarcasmo, prepare-se que em seguida, vem um soco no estômago!
Uma destas cenas doces é quando Little Charles ao piano canta uma canção de amor para Ivy, seu romance proibido, e sua mãe entra no recinto e rispidamente desfaz o clima. Ela está sempre o menosprezando, na verdade. As lágrimas que brotavam dos meus olhos, rapidamente secaram, diante da insensibilidade da mulher. E quando você acha que não poderia piorar, ela faz a revelação mais bombástica do filme. Outro soco horrível no estômago!!
Ao ver tanto desamor, senti até felicidade de ter uma família mais 'normal'. Às vezes precisamos do contato com o outro para perceber que a vida não é tão ruim quanto pensávamos. Mas, é claro que de vez em quando, fica difícil não pensar como a vida é loooooonga para aturar tanta baboseira! Viva a família, no amor e na dor! =)
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