domingo, 1 de agosto de 2010

A geração da liberdade autora

A Revista de Cinema trouxe em sua última edição uma matéria especial sobre os principais diretores que surgiram depois de 2000.
Todos iniciaram a carreira trabalhando com curtas e quase nenhum possui mais de cinco longas no currículo, mostrando o desafio de seguir a carreira de cineasta, mas também os prazeres em fazer do cinema uma profissão.
Segue abaixo minha síntese da matéria, com a lista dos diretores, um pouco sobre eles e alguns dos filmes que eles dirigiram, que valem a pena serem vistos (me incluo nessa), para conhecermos melhor o cinema nacional que está sendo produzido.

Cao Guimarães - denominado como "metafísico", esse mineiro de Belo Horizonte, cineasta e artista plástico, realizou produções como "A festa da menina morta" (2008), "Andarilho" (2007) e "Rua de mão dupla" (2005). Ele vê o cinema como um catalisador de sentimentos não verbalizados, de histórias e narrativas despertadas por movimentos plásticos e pelo potencial imaginário de cada imagem. Um cinema de intensidades, em transe com o mundo histórico!

Claudio Assis - considerado "o indomável", por ser extremamente polêmico, carrega em seu currículo os filmes "Amarelo manga" (2002) e "Baixio das bestas" (2007). É o mais radical dessa leva de cineastas, por fazer um cinema que beira ao grotesco, para chocar o poder constituído, moral, sexual e político. Está sempre disposto a ir onde ninguém vai e a falar do que ninguém fala. Coleciona prêmios, mas também bastante rejeição, encontrando muitas vezes dificuldade para conseguir patrocínios.

Jorge Furtado (da foto) - O ou um dos mais conhecidos da lista, mérito adquirido com o trabalho realizado no curta premiado internacionalmente "Ilha das flores" (1987), esse cineasta gaúcho reúne em seus trabalhos, a vontade de falar com o público, principalmente jovem, através de narrativas de fácil compreensão. No currículo, além de trabalhos para televisão como "Lisbela e o prisioneiro", conta com os filmes "O homem que copiava" (2003), "Meu tio matou um cara" (2004) e "Saneamento básico" (2007), divertidos e bons pontos de partida para discussões sobre temas políticos, culturais e sobre a importância social do cinema.

José Padilha - diretor do popular longa "Tropa de Elite" (2007), prefere usar o cinema como ferramenta para discussão de temas que geram debates, especialmente se ele promove ou critica esse temas em seus filmes, como foi o caso da polícia corrupta e violenta em "Tropa de Elite", que prevê uma continuação para lançamento ainda este ano, e também no seu primeiro longa "Ônibus 174" (2002), sobre o personagem que encenou o drama real do seqüestro do ônibus 174 no Rio de Janeiro em 2000, ilustrando a desigualdade social e falta de perspectiva na história do país.

Karim Aïnouz - considerado "inclassificável", despontou em 2002 com no filme "Madame Satã" (2002), iniciando uma nova geração de filmes independentes brasileiros e autorais, buscando o cinema realista, sem necessariamente buscar a realidade. Dirigiu também "O céu de Suely" (2006), sobre uma jovem que rifou o próprio corpo para sair da cidade.

Laís Bodanzky - essa mulher cineasta, prefere dialogar com os jovens, como visto no filme "Bicho de sete cabeças" (2000), polêmico pra época, por falar sobre o uso da maconha e a falta de diálogo e esclarecimento dos pais na vida do personagem, interpretado pelo ator Rodrigo Santoro. E também no filme "As melhores coisas do mundo", lançado este ano.

Lina Chamie - essa cineasta paulista, faz do cinema um exercício pessoal de liberdade. Estreou em 2001 com o longa "Tônica dominante" e em seguida fez "A via láctea" em 2007.

Marcelo Gomes - diretor do longa "Cinema, aspirinas e urubus" (2005), inspirou-se nas histórias do avô para criar um enredo ambientado no sertão nordestino. Também começou com curtas, como todos os outros diretores já listados, e colaborou com diversos trabalhos de outros diretores, como no roteiro de "A casa de Alice" (2007) e codireção no premiado "Viajo porque preciso, volto porque te amo" de Karim Aïnouz.

Marcos Jorge - responsável por um dos melhores filmes pós-2000, "Estômago" (2007), ganhou dezenas de prêmios e lançou-se diretor já no primeiro trabalho em longa-metragem. Inspirou-se no cinema italiano para criar uma comédia de humor (um pouco negro), misturando tempero italiano e arquétipo nordestino do esperto, que manipula todo mundo sem ninguém perceber.

Sérgio Machado - despontou com o longa "Cidade baixa" (2005), protagonizado por Wagner Moura, Alice Braga e Lázaro Ramos, fechado em personagens que escolhem a afirmação do desejo como forma de fugir da marginalidade. E trabalhou também na minissérie "Alice" da HBO, em parceria com Karim Aïnouz. Lança este ano o longa "Quincas Berro d´Água", adaptação da obra de Jorge Amado.

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