segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

"Sete vidas" de Gabriele Muccino 2008

Chorei.

Chorei porque lembrei dos momentos em que penso que minha vida não é tão ruim, mas às vezes, a uma certa altura e se tivesse ao meu alcance, eu a trocaria com alguém que a mereça mais do que eu.

Deprimente né? Eu sei. Só que muito mais comum do que se imagina. (não estamos sós nessa).

Isso acontece naqueles momentos em que os acontecimentos tristes e angustiantes nos abatem e nos assombram quando queremos desistir da complexa e difícil vida humana. Não acontece com todos. Mas só entende aquele que se identifica diretamente com "Ben".

Polêmico? Talvez.

Afinal, porque simpatizar com alguém que é: saudável. rodeado de pessoas que o amam. e que decide tirar a própria vida para salvar outras sete através da doação dos seus órgãos e bens.?

E isso após causar acidentalmente a morte de outras vidas, incluindo a da esposa amada, deixando claro que jamais conseguiria conviver com isso. Ele não as matou. Foi uma fatalidade, porque se fosse um homicídio culposo, doloso ou o diabo, ele nem estaria em liberdade. Mas independente da lei, um ser com um mínimo de bom cárater se culparia de qualquer forma.

É uma situação delicada. Como julgá-lo?

Se ele estivesse doente, seria mais fácil?

Se ele não se apaixonasse seria apenas uma história de jornal ou de um livro best-seller. É por inserir um problema, que a história se torna interessante e expressivamente cinematográfica.

O filme não é óbvio e se constrói em imagens. Uma escolha ousada e sábia. Se fosse óbvio se tornaria um filme dramático, excelente para uma chuvosa Sessão da Tarde com atores mexicanos dublados em português ou para se assistir nas madrugadas da Sessão Corujão.

Tá, exagerei.

Mas são as construções visuais e de informações soltas que montam uma trama na mente do espectador. Nem tudo fica respondido ou claro e é isso que torna o filme interessante e compenetrado.

Will Smith possui um carisma e simpatia naturais. E seu personagem transmite o mesmo.

A passagem mais forte, porém antecipadamente prevísivel é o bip de Emile tocando. Sabemos então que ao ganhar um coração novo, perde-se o do amado. E ponto.

Mas não poderia de ressaltar que a mensagem relevante do filme é a doação de órgãos. Das vidas que podem ser salvas a partir de uma que se perde. Mas de preferência, por uma fatalidade e ciclo normal da vida.

Eu gostei, mas eu sei que é um daqueles filmes apenas para se tirar algo de bom, já que não é o mais forte e profundo dos filmes.

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