Ela tem vontade de vomitar.
Ela sacia a sede da gula, mas tem vontade de vomitar.
Mas ela sabe que não consegue. Ela sabe que tem que digerir. Ela se odeia por isso.
Odeia a idéia de impotência. Odeia a idéia do fracasso.
Ela sabe que precisa suportar até a próxima crise. Sempre existe a próxima.
Um dia bom, dois dias bons, três, quatro. Um terrível.
E o desejo de se esvaziar é maior que a soma de todos os melhores dias de sua vida.
A fragilidade da sua existência pode depender de alguns segundos, de uma decisão.
Mas ela não consegue vomitar. Não aquilo que queria. Não aquilo que está enraizado nas profundezas do seu "eu". Aquilo que ela não consegue explicar, entender ou simplesmente significar. Não existem palavras. O dicionário é inútil. Ela apenas sabe que está lá.
Ela vomita as palavras, vomita sua fúria, vomita a raiva.
Seu vômito é forte, pesado, cruel.
É a mistura dos dias ruins, com "milhos" de inseguranças, frustrações e fracassos.
Todo vômito tem seu "milho". Aqueles malditos pedaços amarelos sempre presentes.
Um vômito de revolta, indignação, insatisfação.
O vômito da verdade.
Nota: nunca existe verdade. Relativo vem antes do "v". Doer antes do "r".
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