quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"Madagascar - A grande escapada" de Eric Darnell e Tom McGrath 2008

Nota: Animação - entreter adultos, divertindo jovens e crianças.

São vários os filmes de animação que agregam valores e mensagens diretas aos espectadores.
Os que entram em circuito comercial, geralmente focam o público infantil. Mas esse público infantil depende da aprovação do verdadeiro público-alvo: pais, professores, tutores e responsáveis.

Independente da realidade caótica e dos valores corrompidos da sociedade em que vivemos. O espectador "responsável" releva o fundo educativo do filme e a sua repercussão na mente da criança. Quanto mais inofensivo, melhor. "O mundo pode estar perdido, mas o futuro depende das crianças". Acho que é por isso que este filme traz mensagens positivas e imaginárias. Sugere algumas reflexões, porém muito superficiais.

Pareço irônica. Mas no fundo eu preciso de filmes assim. Preciso de pequenas ilusões.

Em Madagascar identifiquei diversas linhas de reflexão. Algumas evidentes e outras possíveis.
Acostumada com tantas linhas narrativas, achei que analisar uma animação poderia render discurso. Vamos ver se lembro de todas, com a mesma ânsia da saída do cinema.

A 1ª: separação de pai e filho que resultou no destino de Alec - "Alex"- o leão. Causalidade. O filhote distraído com seu talento em dançar, pular e brincar, é atraído por caçadores. Dois caminhos separados. Se ele prestasse a atenção no pai, talvez tivesse ficado em segurança.
Porém em sua trajetória encontra solidariedade e se torna uma estrela por ser o que é.
O reencontro é um fio de esperança, diante de tantas crianças desaparecidas e separadas dos verdadeiros pais.

A 2ª: Pai e Alex. o reencontro com a família e o desafio de ser aceito pelo pai. Ele não é o que o pai gostaria que fosse, mas em certo momento, consegue mostrar seu valor e conquistar seu espaço. Há lugar para todos e ocorre uma mudança na visão antes alienada do pai.

3ª: Pai e rival. o talento da liderança é algo nato e não conquistado. Se na vida já podemos comprovar este fato, nesta animação e até em outros filmes é algo excessivamente expressado. Concordo plenamente. É nato.

4ª: Glória e Melman. O amor existe mesmo na "diferença". Seja de espécie, sexo, cor e etc. Bem clichê. Glória e Melman não ficam juntos como casal, mas sentem-se realizados e valorizados por serem o que são. Se o gostosão não a valoriza como alguém "única", Melman (ao achar que vai morrer) revela seu amor e admiração.

5ª: Marty. Responsável pela fuga do zoológico, em busca das respostas para seu vazio existencial (referente ao primeiro filme), é aquele que encontra nas origens, igualdade. Não é único e sim uma produção em série.

6ª: Velha. Uma comédia, porém quando torna-se "sobrevivente" funciona como uma representação negativa da quebra do ecossistema quando ensina aos outros como sobreviver. Ações que resultam no bloqueio da água. Seqüência: o avião cai na África. os espertos e mafiosos pingüins saqueiam os gipes para reconstruirem o avião. Aí então a velha torna-se sobrevivente. Até que ponto é uma mensagem negativa? Necessidade?

Acho que o resultado é uma mistura de reflexão e diversão sem muitos critérios narrativos. Puro entretenimento com um toque de mensagem positiva. Nada é aprofundado e o desfecho é a típica vitória do "bem".

(continuo depois....ou não.)