para Revista Punctum - Curso de Cinema UFSC
“Batman” pode ser analisado a partir das teorias da psicanálise, principalmente de Carl Gustav Jung, concentrando-se no desenvolvimento da psicose e neurose, manifestadas por personagens do filme.
Psicose e neurose são manifestações do inconsciente humano, quando em situação limite. Cada ser humano manifesta somente uma delas e não está ao seu alcance saber qual delas lhe pertence até que viva a experiência. Somente numa situação limite poderá saber como seu inconsciente se manifestará. A psicose é irreversível e é fruto de um insconsciente reprimido, característica dos doentes mentais de situações irreversíveis. Já a neurose é uma manifestação também de um inconsciente reprimido, porém o sujeito retoma consciência sozinho ou quando em tratamento.
Para entender melhor, é importante lembrar que o conceito de individuação para Jung é o conflito entre duas naturezas fundamentais, no caso, da consciência e inconsciência. Ou seja, o conflito é importante para busca do equilíbrio, porém nenhum pode reprimir o outro, pois quando o ser humano é colocado no seu limite, descobrirá algo antes completamente desconhecido de sua consciência.
O personagem Coringa já se apresenta num estágio de psicose manifestada. Em algum momento da sua vida foi colocado ao limite. A origem da sua cicatriz é narrada ironicamente em diversas versões, deixando indícios da possível situação limite. Ou seja, algo o motivou a reprimir a consciência. Então a sua inconsciência manifestou-se através da psicose, tornando-se desequilibrado e inconseqüente. Para os padrões da nossa sociedade ele é julgado como um doente mental, um louco, ou até um agente do “mal”.
Para Coringa não há limites e seu verdadeiro interesse não é destruir o Batman ou a imagem de bom moço do Promotor de Justiça Harvey Dent, mas colocar a população da cidade, incluindo os dois supostos heróis, em situações limite e observar como cada um manifestará seu lado mais obscuro e secreto: seu inconsciente. Em vários momentos do filme, Coringa apronta armadilhas para provocar o medo e conseqüentemente o caos. A mais interessante é a cena em que dois barcos tentam fugir de Gotham City: um com presidiários e policiais, e outro com pessoas comuns. Um dos “barcos” precisa escolher quem merece viver, pois cada um possui o controle de detonação do barco oposto. Aqui temos diversas manifestações e julgamentos equivocados, onde os “comuns” julgam-se mais merecedores de viver e onde um dos presidiários diz para um policial “Você é incapaz de tirar uma vida inocente, mas também não quer morrer”. O espectador sente-se incomodado, tenta refletir sobre o que faria em determinada situação, mas é incapaz de escolher conscientemente, porque não se encontra verdadeiramente nesta situação limite. Por isso o filme é tão incômodo ou tão instigante para alguns.
Além desta, Coringa prega uma armadilha para o promotor Harvey Dent e o herói Batman. Os dois sofrerão a mesma situação limite: a perda da mulher amada. E cada um reage de forma diferente. Enquanto Batman escolhe salvá-la, acaba salvando o promotor. Este o culpa por não ter escolhido salvá-la, desconhecendo a verdade dos fatos. Se soubesse, faria diferença em suas atitudes?
Os dois sofrem, os dois chegam ao limite, mas Batman consegue retomar o equilíbrio, no máximo culpando a si mesmo pelo acontecido, porém não sabe que sua amada já não o amava mais, pois o mordomo fiel destruiu a carta que ela lhe escreveu. Novamente: se soubesse, faria diferença em suas atitudes?
Já o mais exemplar membro da sociedade, um ícone do bem, aquele que busca Justiça, não consegue superar seu sofrimento e entrega-se a psicose, que em alguns momentos deixou vestígios, como no interrogatório que fez, utilizando o método de roleta russa. Harvey Dent torna-se então o Duas caras, que é o sujeito que reprimia seu inconsciente, mesmo sendo um agente a favor da Justiça. Quando colocado em situação limite, manifestou a mais obscura das suas naturezas: a vingança do mal causado para si.
Batman não permitirá que a sociedade saiba disso, pois o caos provocará desesperança e como Batman se culpa pelo acontecido, assume o lugar de culpado. Temos então “o cavaleiro das trevas”, aquele que assume a culpa, dentro de sua própria neurose e o cavaleiro das trevas que torna-se um psicótico e decide se tornar vingador de sua própria causa.
“Batman” pode ser analisado a partir das teorias da psicanálise, principalmente de Carl Gustav Jung, concentrando-se no desenvolvimento da psicose e neurose, manifestadas por personagens do filme.
Psicose e neurose são manifestações do inconsciente humano, quando em situação limite. Cada ser humano manifesta somente uma delas e não está ao seu alcance saber qual delas lhe pertence até que viva a experiência. Somente numa situação limite poderá saber como seu inconsciente se manifestará. A psicose é irreversível e é fruto de um insconsciente reprimido, característica dos doentes mentais de situações irreversíveis. Já a neurose é uma manifestação também de um inconsciente reprimido, porém o sujeito retoma consciência sozinho ou quando em tratamento.
Para entender melhor, é importante lembrar que o conceito de individuação para Jung é o conflito entre duas naturezas fundamentais, no caso, da consciência e inconsciência. Ou seja, o conflito é importante para busca do equilíbrio, porém nenhum pode reprimir o outro, pois quando o ser humano é colocado no seu limite, descobrirá algo antes completamente desconhecido de sua consciência.
O personagem Coringa já se apresenta num estágio de psicose manifestada. Em algum momento da sua vida foi colocado ao limite. A origem da sua cicatriz é narrada ironicamente em diversas versões, deixando indícios da possível situação limite. Ou seja, algo o motivou a reprimir a consciência. Então a sua inconsciência manifestou-se através da psicose, tornando-se desequilibrado e inconseqüente. Para os padrões da nossa sociedade ele é julgado como um doente mental, um louco, ou até um agente do “mal”.
Para Coringa não há limites e seu verdadeiro interesse não é destruir o Batman ou a imagem de bom moço do Promotor de Justiça Harvey Dent, mas colocar a população da cidade, incluindo os dois supostos heróis, em situações limite e observar como cada um manifestará seu lado mais obscuro e secreto: seu inconsciente. Em vários momentos do filme, Coringa apronta armadilhas para provocar o medo e conseqüentemente o caos. A mais interessante é a cena em que dois barcos tentam fugir de Gotham City: um com presidiários e policiais, e outro com pessoas comuns. Um dos “barcos” precisa escolher quem merece viver, pois cada um possui o controle de detonação do barco oposto. Aqui temos diversas manifestações e julgamentos equivocados, onde os “comuns” julgam-se mais merecedores de viver e onde um dos presidiários diz para um policial “Você é incapaz de tirar uma vida inocente, mas também não quer morrer”. O espectador sente-se incomodado, tenta refletir sobre o que faria em determinada situação, mas é incapaz de escolher conscientemente, porque não se encontra verdadeiramente nesta situação limite. Por isso o filme é tão incômodo ou tão instigante para alguns.
Além desta, Coringa prega uma armadilha para o promotor Harvey Dent e o herói Batman. Os dois sofrerão a mesma situação limite: a perda da mulher amada. E cada um reage de forma diferente. Enquanto Batman escolhe salvá-la, acaba salvando o promotor. Este o culpa por não ter escolhido salvá-la, desconhecendo a verdade dos fatos. Se soubesse, faria diferença em suas atitudes?
Os dois sofrem, os dois chegam ao limite, mas Batman consegue retomar o equilíbrio, no máximo culpando a si mesmo pelo acontecido, porém não sabe que sua amada já não o amava mais, pois o mordomo fiel destruiu a carta que ela lhe escreveu. Novamente: se soubesse, faria diferença em suas atitudes?
Já o mais exemplar membro da sociedade, um ícone do bem, aquele que busca Justiça, não consegue superar seu sofrimento e entrega-se a psicose, que em alguns momentos deixou vestígios, como no interrogatório que fez, utilizando o método de roleta russa. Harvey Dent torna-se então o Duas caras, que é o sujeito que reprimia seu inconsciente, mesmo sendo um agente a favor da Justiça. Quando colocado em situação limite, manifestou a mais obscura das suas naturezas: a vingança do mal causado para si.
Batman não permitirá que a sociedade saiba disso, pois o caos provocará desesperança e como Batman se culpa pelo acontecido, assume o lugar de culpado. Temos então “o cavaleiro das trevas”, aquele que assume a culpa, dentro de sua própria neurose e o cavaleiro das trevas que torna-se um psicótico e decide se tornar vingador de sua própria causa.
Um comentário:
Olá Alessandra.
Primeiramente gostaria de lhe parabenizar pelo blog. Gostei bastante. Estarei seguindo e colocarei no meu blog na lista de blogs que sigo.
Sobre sua postagem, achei muito interessante a forma com que você abordou aspectos do filme, principalmente por usar alguns termos de Jung, psicanalista que tenho muito apreço. Estou elaborando uma postagem sobre o Batman, e com certeza sua postagem muito me ajudou!
Se quiser, dê uma olhadinha no meus blogs.
Sobre cinema: http://refletindocinema.blogspot.com.br/
Meu blog mais pessoal: http://refletindo-bem.blogspot.com.br/
Abraços!
Postar um comentário