
Jim Jarmusch, como outros dessa fase, parecem buscar tentativas de fazer um cinema diferente. Sinto que ainda hoje, essas tentativas são bastante incorporadas a estética do filme e trajetória da narrativa.
O filme é todo em preto e branco, por opção, com um planejado enquadramento, mantendo-se no máximo, em plano médio e boa parte separada em módulos individuais e fades longos em preto, retratando o vazio e a entediante vida dos jovens, tanto americanos, americanizados e estrangeiros (Eddie, Willie e Eva).
Essa ausência de cor parece transmitir a ausência de algo, comum numa geração sem causa, retratando um vazio, uma acomodação, a falta de questionamento da própria existência. Ausência de valores, moral, nacionalidade e de experiências. Ausência de valores ou moral, pois o dinheiro que eles conseguem no filme é trapaceando num jogo ou através de um mal-entendido. Ausência de identidade própria e nacionalidade, pois o próprio Willie rejeita seu nome verdadeiro, pois se considera americano e prefere não lembrar das origens, negando o próprio idioma. E ausência de experiência, quando Eddie descreve lugares em que nunca esteve, e Willie come algo (Tv-food) que nem ao menos parece carne.
Já Eva parece resgatar um pouco dessa existência, mas apenas ameaça, pois acaba se rendendo ao tédio e ao vazio de sua existência.
O filme parece dialogar mais com essas questões do que se preocupar com uma trajetória em si. O final se torna interessante e inesperado, deixando-nos imaginar o destino de cada personagem. Nesses silêncios há um pouco de humor, há um pouco de vazio, há um pouco de espera e da torcida por alguma descoberta. O filme fica no "não-acontecer".
Obs.:Li um pouco sobre o diretor mas foi o primeiro filme que assisti, então fiz um pequeno parecer. Como eu disse, ainda treinando.
Um comentário:
vi esse filme ontem. descobri o teu blog na busca. ainda não comentei do filme no meu blog. eu gostei muito. tb foi o primeiro filme que vi desse diretor. beijos, pedrita
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