quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

"Álbum de família" de John Wells 2013 EUA

 
Quem não tem uma família complicada?! Ou pelo menos, quem não teve algum conflito familiar na vida?! Se você já teve, prepare-se, ao assistir a este filme, você verá a maravilha que é sua família!! "Álbum de família" é um soco no estômago! Porque o que ele te dá de delicado, ele pega de volta e devolve com acidez e crueldade dobrada!
 
O filme abre com uma voz masculina dizendo esta frase: "A vida é muito longa!", combinada com um tom nostálgico. A voz masculina é do personagem Bev (Sam Shepard), escritor e aparentemente infeliz no casamento, que em seguida  emenda que muitas pessoas já vividas também pensaram isso, mas foi um autor, T.S. Eliot,  que a escreveu pela primeira vez, e agora, quando você quer pronunciar ou escrever esta frase, precisa citar o autor. Ele ri. Eu também.
 
Bev (de Beverly) é casado com a difícil Violet (interpretada com extrema competência pela magnífica Meryl Streep), diagnosticada com câncer de boca terminal, viciada em cigarros e remédios, e craque em fazer um cruel jogo psicológico com suas 3 filhas: Barbara (Julia Roberts), mãe e mulher traída; Karen (Juliette Lewis), 'periguete' depois dos 40, e Ivy (Julianne Nicholson), serena, mas cheia de rancores e dilemas.
 
O suicídio (discreto) de Bev unirá as 3 irmãs para decidir o que fazer com a mãe e com sua própria vida. E para que o circo fique completo, a irmã de Violet, Mattie Fae (Margo Martindale), com o marido Charles e o filho Little Charles (Benedict Cumberbatch) também aparecem. Além da presença do ex-marido (Ewan McGregor) e a filha adolescente (Abigail Breslin) da amarga Barbara e o noivo Steve (Dermot Mulroney), da periguete Karen.
 
Com tanta gente reunida, ficaria difícil não haver troca de farpas, desafetos e grandes revelações e conflitos, depois da morte do homem que parecia neutralizar aquele bando de 'loucos'.
 
 
O filme é baseado numa peça de Tracy Letts e mantém o caráter teatral com muito jogo de cena entre os personagens, com diálogos intensos, rápidos e ácidos, sempre confinados aos cômodos da casa, raramente transitando em outros espaços. E não existe lugar melhor para uma boa briga de família do que a mesa de jantar, onde as diferenças se tornam evidentes, e o riso pode rapidamente dar lugar a um comentário cruel e um prato quebrado.
 
E toda vez que você se deparar com certa doçura e delicadeza no filme, além do constante sarcasmo, prepare-se que em seguida, vem um soco no estômago!
 
 
Uma destas cenas doces é quando Little Charles ao piano canta uma canção de amor para Ivy, seu romance proibido, e sua mãe entra no recinto e rispidamente desfaz o clima. Ela está sempre o menosprezando, na verdade. As lágrimas que brotavam dos meus olhos, rapidamente secaram, diante da insensibilidade da mulher. E quando você acha que não poderia piorar, ela faz a revelação mais bombástica do filme. Outro soco horrível no estômago!!
 
 
Ao ver tanto desamor, senti até felicidade de ter uma família mais 'normal'. Às vezes precisamos do contato com o outro para perceber que a vida não é tão ruim quanto pensávamos. Mas, é claro que de vez em quando, fica difícil não pensar como a vida é loooooonga para aturar tanta baboseira! Viva a família, no amor e na dor! =)

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