quarta-feira, 28 de abril de 2010

"Guerra ao terror" de Kathryn Bigelow 2008

Finalmente assisti ao filme vencedor do Oscar 2010.
Um marco para a história da sétima arte, que premiou a primeira diretora do cinema, além de desbancar surpreendentemente o caríssimo e popular "Avatar" de James Cameron.
A pergunta é? O que ele tem para mecerer tal reconhecimento?
E eu digo...tudo!
No dia da cerimônia, nós brasileiros, pudemos acompanhar a cerimônia pela Globo e contar com comentários do ator-1001utilidades José Wilker, onde ele falava que os dois favoritos ao prêmio (Guerra ao Terror e Avatar) caminhavam por trajetórias opostas. Apontavam duas tendências (naturais) para o cinema, das quais concordo plenamente.
Avatar explora o cinema da narrativa clássica num mundo imaginário de heróis e vilões, de orçamento gigantesco e alta qualidade em 3d, considerado por alguns críticos, o terceiro grande marco da história do cinema, depois do som e da cor. A tridimensionalidade da vida real, antes nunca vista no cinema. Um filme de sensação. Passeios lentos, num cenário mágico e atrativo, criado digitalmente. O mais perto do mundo da imaginação e dos sonhos que podemos chegar hoje. A velha fórmula das superproduções de Hollywood, com o discurso subjetivo atual "salvem a natureza", (sem querer parecer irônica, afinal o discurso é sim, fundamental).
Já Guerra ao terror, valoriza de forma impecável, toda a tecnologia a seu dispor, fazendo uso da instabilidade da câmera, como instabilidade emocional da narrativa e caracterizãção dos personagens. Instabilidade esta, tão explorada na linguagem videoclipe, sendo uma tendência contemporânea cada vez mais popular. Um filme que foi lançado diretamente em dvd no Brasil e somente após a premiação do Oscar, passou a ser exibido nos cinemas.
A trama trabalha na base do imprevisível, "matando" toda técnica clássica utilizada no cinema, como mata também rostos conhecidos que se apresentam no decorrer do filme. O protagonista não é aquele ator famoso dos primeiros 5 minutos, mas sim um rosto ainda desconhecido pelo espectador. Assim como na guerra, não se sabe quem será o próximo a morrer. O imprevisível e a tensão transbordam no filme e nenhum clichê que conhecemos é aplicado. Não há heróis ou vilões, mas sim, meros personagens comuns que dão uma outra perspectiva para falar sobre um assunto que Hollywood não cansa de esgotar: guerra no Iraque.
A riqueza do filme é a instabilidade da câmera e da história. A fórmula de atração é o imprevísivel. Não se sabe o que vai acontecer porque não segue uma regra clássica sequer e isso em Hollywood, é raro.
Kathryn explorou com maestria essa tendência contemporânea de se quebrar as regras. Não é a primeira vez que vemos acontecer, mas é a primeira vez que vemos Hollywood reconhecer "Davi diante de Golias". E todo filme que se mostra inovador em seu contexto histórico, merece reconhecimento.
Avatar ainda será um marco e ponto de partida para uma nova Era da história do cinema, mas Guerra ao Terror será também o grande indicador de uma outra e nova tendência no cinema: a regra da trangressão da regra.

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