sábado, 2 de janeiro de 2010

"Crepúsculo" de Catherine Hardwicke 2008

Isto não é uma crítica ou uma análise...é apenas um desabafo...apenas uma impressão de um filme que mexeu muito comigo. Alguns filmes são assim, simplesmente nos afetam de uma forma inexplicável...às vezes nem são tão bons tecnicamente ou unânimes de opinião...mas por algum motivo, naquele dia, naquela hora, com aquele humor e fase de vida, nos afeta...
Quero falar muito mais sobre o que eu senti...e ainda sinto...diferente do se aprende num curso de cinema....não estou preocupada em analisar nada...pois estou hipnotizada...inteiramente...
E para mim é um desafio descrever em palavras tamanho impacto...
A verdade é que eu menosprezava a "febre Crepúsculo". O trailler não me interessava e a história que ouvi falar dos livros também não.
Numa manhã, dia 29 de dezembro, 8h55, o filme havia começado há 10 minutos...acordei cedo, estava muito quente e trocando de canal, deparei-me com ele...pensei comigo "ahh vou assistir, tô sem sono, não me custa...se eu não gostar, eu troco". Não sei se devo me arrepender dessa decisão. Sei que pareço uma ridícula...mas como no amor...isso não importa...
Eu jamais imaginei...e reforço isso, pois procurei em algum blog ou site, algum comentário que eu pudesse me identificar...mas nada encontrei...nada de parecido com o que senti...nada que pudesse alcançar e descrever a sensação de hipnose...
O filme não é tão perfeito tecnicamente, mas eu o defenderia em absoluto...os defeitos são irrelevantes...Edward Cullen e Bella Swan...a história toda, a sutileza do toque e do olhar ....assistir ao filme foi estar em êxtase...em constante hipnose...e sentir borboletas no estômago durante todo o tempo...foi desejar estar lá...de alguma forma...desejar sentir...e sentir...
"Crepúsculo" provoca um sentimento de paixão....é estar apaixonado e sofrer de amor...é sentir desejo e ficar angustiado...é tudo aquilo que nos atrai e nos machuca...é "Claire de Lune" de Debussy...é o proibido e impossível...é pura fantasia...é tocar a alma...
Para alguns obviamente nada disso funciona, eu sei...mas pra mim funcionou e demais....fui contagiada pela febre...me envergonho um pouco disso....fui atrás do livro, li o livro e vou ler todos os outros que existirem em seguida....fui ao cinema e vi Lua nova....chorei e suspirei inúmeras vezes...sentindo toda aquela hipnose novamente..nunca desejei tanto que um filme não acabasse e nunca economizei tanto um livro....sinto a dor da saudade...quero ver de novo e de novo...choro e sinto-me em êxtase...
comprei os cds....estou contaminada...me rendi...totalmente a esta febre e nem consigo me envergonhar mais....porque a sensação é súbita e única....
Tentei encontrar uma explicação....para tudo isso..toda essa confusão...afinal esse impacto tem que estar relacionado a minha vida...ao momento em que me encontro...e encontrei na fuga uma resposta..."Crepúsculo" é imortalidade...é o amor eterno...é a paixão adolescente, cega e imprudente...é a sutileza do toque e de cada descoberta...é a inconseqüência representada no amor de uma mortal por um ser imortal e perigoso...como o amor...
Amar é sempre perigoso e arriscado...pois com ele vem a perda...e a perda provoca um vazio...e das dores..essa é a maior...pois é incurável...ou parece ser quando se sente...
"Crepúsculo" representa a porta que não queremos atravessar....o desejar ser jovem para sempre...jamais envelhecer...e estar em fantasia eternamente...onde tudo é mais fácil e bonito...
É o fruto proibido...e o mais desejado...é o pecado...o arriscado...
E talvez no futuro eu me sinta uma tola por ter dito tais palavras e sentido tal sentimento tolo...
Mas por enquanto sofro e me alegro com esta fraqueza...de estar apaixonada por uma história, uma fantasia...uma fuga...
Não recomendo que vejam...não se arrisquem a ser contagiados...e não contem que serão...pois sentir o que sinto é particularmente meu....mas se em algum dia...alguém se identificar, por favor, divida sua angústia comigo...

Um comentário:

Anônimo disse...

Engraçado você considerar que um texto desse está longe do que é uma análise, longe do que você viu no curso de cinema. Era pra ser o oposto. Todas aquelas teorias pós-modernas estão querendo afirmar justamente uma relação forte, carnal, 'erótica' com o filme, fazendo da escrita algo pulsante, necessário pra quem tá escrevendo no momento. É isso o punctum. Algo tão forte no filme que você sente necessidade de colocar no papel.

Eu não vi o filme, mas se ele é capaz de provocar tanta emoção em tanta gente é porque alguma coisa tem aí. E falo isso mesmo se no futuro for vê-lo e acabar não gostando. É uma questão de entender que existem obras que tem a capacidade de tocar algo primordial e que por isso atingem a maioria das pessoas, mesmo que minha experiência de vida seja divergente.

Se você limpasse um pouco mais a redação, logo após esse momento de descarga emocional, e organizasse essas idéias de paixão, perda, vazio, eternidade, poderia ficar um textinho legal pro teu blog.

E foda-se a vergonha. Você deve defender o que você acha que é o que mais vale na vida. É uma pena que a maneira com que o curso reverberou em ti foi dessa maneira negativa, fria, restritiva. Se é assim, não vale a pena fazer "análises". Melhor "desabafos" mesmo.